23-DEZ-2016
Os andores floridos, decorados
com milhares de pétalas coladas de forma a criar motivos religiosos,
paisagísticos e monumentais, são os "ex-libris" da Festa de Santa
Cruz, que sábado, dia 20 Maio e domingo, dia 21 Maio 2017 decorre em Alvarães,
Viana do Castelo. O trabalho de confeção dos onze andores tem lugar,
normalmente, no pátio das casas dos mordomos e decorre praticamente ao longo de
toda a semana que antecede a festa, só sendo dado por concluído no fim da tarde
de sábado, dia 20. Chegam a juntar-se, à volta de cada andor, três dezenas de
"artífices", gente de todas as idades e profissões que, pétala a
pétala, criam autênticas obras de arte popular. As pétalas são coladas com cola
feita à base de farinha, cuja humidade permite que elas se aguentem por vários
dias viçosas e coloridas. Cada lugar da freguesia tem o seu andor e ainda se
cultiva uma sã rivalidade entre os vários lugares, pelo que as temáticas
escolhidas são mantidas em segredo até à tarde de sábado, altura em que os
andores são transportados para a Igreja Paroquial. Domingo, os andores são
levados em procissão aos ombros dos mordomos, para admiração dos milhares de
forasteiros que todos os anos se deslocam a Alvarães para apreciar aquelas
autênticas obras de arte popular."São andores únicos no País, 'bordados'
pétala a pétala pelas mãos sábias da gente da terra, pelo que este é um
património de Alvarães que não se pode perder e que merece ser
perpetuado". Foi em Maio de 1946 que se fez em Alvarães o primeiro andor
em flores naturais, cujo objetivo era a coroação da imagem de Nossa Senhora de
Fátima. Em Outubro daquele ano, numa procissão que percorreu quase toda a
freguesia em ação de graças pelo fim da II Guerra Mundial, mais quatro andores
foram confecionados com flores naturais, transportando as imagens de Nossa
Senhora de Fátima, de Nossa Senhora do Livramento, de Nossa Senhora do Rosário
e de S. Sebastião.Em 1947, o então pároco da freguesia, cónego Cepa, sugeriu
que na Festa das Cruzes os andores fossem novamente feitos com flores naturais,
argumentando que os ornamentos que então os enfeitavam "cheiravam a mofo".A
ideia foi bem aceite pela população e assim surgiram os primeiros andores de
flores naturais, que em nada se assemelhavam aos atuais, pois a estrutura era
ainda feita nos armadores e depois eram compostos com solitários e jarras de
flores.No ano seguinte surgiu a ideia de se começar a colar as pétalas de
flores em andores já feitos por cada lugar da freguesia e de acordo com a
imagem do santo que iriam transportar. Um dos andores mais pesados é o
consagrado a S. Sebastião, que representa um castelo quase totalmente revestido
de musgo e cujo transporte chega a "reclamar" os ombros de seis
homens. Bem mais leve é o andor dedicado a Santa Goreti, que, como manda a
tradição, é sempre transportado por raparigas solteiras.
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