Viana do Castelo: Museu vai perpetuar fabrico artesanal de telha A preservação da memória do fabrico artesanal de telha na freguesia de Alvarães é o objetivo do núcleo museológico que a Câmara local vai criar, em 2016, e que integrará três antigos fornos.

22-DEZ-2016

Viana do Castelo: Museu vai perpetuar fabrico artesanal de telha A preservação da memória do fabrico artesanal de telha na freguesia de Alvarães é o objetivo do núcleo museológico que a Câmara local vai criar, em 2016, e que integrará três antigos fornos.

O presidente da Câmara Municipal, José Maria Costa, explicou esta segunda-feira que o futuro museu irá nascer da reconversão de uma casa, por acabar, existente nas proximidades no lugar das Telheiras, no Monte de Infias, junto às antigas barreiras onde era extraído o barro, para valorizar a tradição cerâmica de Alvarães. O imóvel, que vai ser adquirido pela autarquia por 25 mil euros, está situado junto a três antigos fornos, um ainda funcional e os restantes a necessitar de reabilitação. “Fomos sensíveis à preocupação da Junta de Freguesia de manter um espaço de memória das antigas telheiras e atribuímos um subsídio à autarquia local para adquirir o imóvel e o transformar, no próximo ano, em núcleo museológico”, explicou. O presidente da Junta de Alvarães, Fernando Martins adiantou que a documentação recolhida ao longo dos anos “atesta a existência de fornos de fabrico de telha na freguesia desde o século XVI, mas é quase certa a sua anterioridade, pois há indícios de ter sido aqui que se fabricou alguma da telha que cobriu o Mosteiro da Batalha”. O autarca acrescentou que o fabrico de materiais cerâmicos na freguesia fica a dever-se a “uma grande quantidade de jazidas argilosas que possui, cuja qualidade é comprovada pelo facto de, num passado ainda recente, virem industriais de Leiria e Alcobaça comprar barro à freguesia de Alvarães”. “Com o decorrer implacável do tempo e a progressiva industrialização do sector, os fornos foram sendo desativados, até serem definitivamente abandonados na segunda metade deste século”, disse. Para Fernando Martins, a criação do futuro núcleo museológico, é de “grande importância”, não apenas “do ponto de vista do seu aproveitamento turístico e, principalmente, pedagógico, como para perpetuar uma atividade artesanal que se encontra praticamente extinta”. O autarca de Alvarães, na margem esquerda do rio Lima, explicou que “o projeto do futuro núcleo museológico ainda vai ser elaborado pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, após avaliação dos serviços de arqueologia”, considerando ser prematuro avançar com o montante do investimento a realizar naquela estrutura. O forno telheiro de Alvarães, ainda em funcionamento, foi construído na primeira metade do século XX e está classificado pelo Instituto Português de Arqueologia (IPA), encontrando-se atualmente vedado. Nas proximidades existiram outros fornos semelhantes, que foram progressivamente destruídos. A envolvente é dominada por algumas crateras, de grande dimensão, resultantes da antiga extração. O forno telheiro de Alvarães é retangular, escavado no solo, e construído em alvenaria de tijolo. Tem 7,5 metros de comprimento por dois metros de largura.

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