Junta de Freguesia de Alvarães Junta de Freguesia de Alvarães

ROTA DA CERÂMICA – FORNOS TELHEIROS

Quase há 90 anos foi escrito na Monografia de Alvarães, do Cónego Cepa, publicada em 1939 que a “lavoura nacional é a classe nobre do país, na qual se conservam as tradições mais belas, os costumes mais puros e o folclore mais lindo e surpreendente”. E acrescentava que este “bom povo de Alvarães trabalha a cantar e canta tantas vezes a chorar”.

 Alvarães foi um centro agrícola por excelência, mas há muitos séculos atrás soube conjugar o setor primário da agricultura e pecuária com o setor secundário da indústria, graças à riqueza mineralógica do seu subsolo. A nossa terra conciliou belezas naturais com a constituição morfológica do subsolo com predominância argilosa e com os barros brancos do caulino das suas imensas barreiras naturais.

Este enorme filão mineral estende-se desde o monte da Padela, na freguesia de Mujães, passando por Barroselas, onde também deu nome à povoação, seguindo por Vila de Punhe até Alvarães.

O barro, matéria- prima essencial para o fabrico de telha e tijolo, é abundante em quase todos os lugares de Alvarães com predominância no lugar da Costeira, local onde foram construídos os fornos de cozedura.

A nossa terra foi habitada desde a Pré-História como o comprovam os achados arqueológicos aqui encontrados. Cá viveram os Romanos que fabricaram telha plana (tégula) e tijolo e daí o topónomo “Telheira”, que deu nome ao sítio dos fornos, assim como tijolo e tijoleira para o chão das suas casas. Aqui viveram os Mouros que fizeram telha e tijolo, que secavam ao sol sobre grandes lajes, no sítio dos Outeiros. Aqui viveram muitos outros povos que exploraram o barro a céu aberto e fizeram telha e tijolo.

Alvarães, além de terra vincadamente agrícola, foi desde há séculos importante pelas suas indústrias, sendo a principal a indústria cerâmica, como acima demos a entender. A telha e o tijolo aqui produzidos foram conhecidos e valorizados ao longo dos tempos com registo que nos envaidece de alguma telha daqui saída tenha ido cobrir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória ou Mosteiro da Batalha.

Nas “telheiras” fabricava-se, por processos artesanais, a telha romana de diferentes tamanhos e o tijolo burro e o tijolo curvo, este para fornos de cozer o pão. O barro foi ali explorado em grande quantidade durante séculos e há relatos confirmados pela voz do povo que nos inícios do século XX ali funcionaram 25 fornos. Na década de 50 os fornos eram 8, todos a funcionar e com proprietários bem identificados. Os fornos deixaram de cozer telha e tijolo há muitos anos e estão lá dois reconstruídos para memória das gerações presentes e futuras.

Depois emergiram as fábricas de cerâmica “com chaminés a desafiar os céus”.

O progresso e a concorrência cerâmica das unidades fabris ditaram o fim dos fornos. Com as fábricas, ganharam os trabalhadores e todos souberam integrar-se num outro trabalho, num outro mundo, melhor remunerado, menos cansativo e de horários mais consentâneos com o ritmo de vida dos operários. Para além da Fábrica Jerónimo Pereira campos & Filhos, Lda, que já existia desde 1921, abriram, em 1958 mais duas unidades fabris: a Ceral e a Rosas.

Anteriormente, em 1948, entrara em funcionamento uma unidade fabril de tamanho mais reduzido que também produzia tijolo, a Fábrica do Reis Lima, com curta duração. Por esta altura, no lugar do Xisto, existiu a Cerâmica Regional Vianense, conhecida por Fábrica dos Assobios, que produzia louça regional.

Referência especial para a Fábrica Campos onde se produzia em grande quantidade tijolo vermelho de vários tamanhos, tijolo refratário, tubagem de grés e artigos sanitários. Nesta unidade fabril também se chegou a produzir a telha Marselhesa.

Esta Fábrica estava (e está) associada a um importante “couto mineiro” de vários hectares de barro branco, o caulino, próprio para louças finas, as faianças. Com o caulino de Alvarães foram produzidas, modeladas e pintadas à mão milhares e milhares de peças cerâmicas, utilitárias e decorativas. Mas o caulino foi (e é, ainda hoje) matéria -prima para muitas outras indústrias como a indústria do papel, fibras de vidro, filtros, metalurgia, dissecadores, borrachas, tintas, fármacos, cosméticos, catalisadores, pesticidas, fertilizantes, inseticidas, detergentes, plásticos, cimentos, argamassas, lápis, adesivos, adsorventes, selagens, diluentes, colas, gomas, têxteis, abrasivos, polimentos, branqueamentos, medicina, estomatologia e alimentação. Como se vê, a lista é longa e prova que esta matéria-prima argilosa, arrancada do subsolo de Alvarães, é fundamental em quase todas as indústrias que fazem mover a economia do nosso país. 

As Fábricas Jerónimo Pereira Campos & Filhos, Lda, em 1956, davam trabalho a mais de 800 trabalhadores em Aveiro, Alvarães, Meadela, Lisboa, Porto e Braga, sendo a “nossa fábrica “aquela que mais operários tinha.

Referência também para a Cerâmica Rosas construída na Tapada da Afonsa pelo empresário de Cossourado e residente em Balugães, António da Silva Rosa, e que nas décadas de 70 e 80 do século XX foi aquela unidade que mais tijolo produzia.


INFORMAÇÕES PARA VISITAS

 

Localização:

FORNOS TELHEIROS

 4905-204, ALVARÃES

GPS: 41°37'44.23"N/8°44'50.30"W

 

Horário de Visita

Sexta Feira:

14h00 às 16h00 – horário inverno – Quinzenal

14h00 às 16h00 – horário verão - semanal

Encerrado: Feriados e férias

 

Agendamento de visita de grupo:

Marcação com no mínimo 15 dias de antecedência

(+351) 258.777.483

viladealvaraes@sapo.pt

 

Número de visitantes: mín. 10 e máx. 60 participantes (em visitas de grupo)

Idade mínima: menores acompanhados de um adulto

Gratuito

Com guia – Português e Francês

Duração da visita:

Visita livre – 1h00 / Visita guiada – 1h30

Loja: Não

- Acesso a pessoas com necessidades motoras

- Parque de estacionamento para veículos ligeiros e autocarros

- É permitido fotografar e filmar



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